O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES) realizou, nesta quarta-feira (19), procedimento inédito de bucomaxilo com cirurgia torácica na Rede Estadual de Saúde. A intervenção foi executada no Hospital da Ilha e beneficiou uma criança de nove anos, natural do município de São Vicente Férrer.
"Quando falamos sobre humanização de SUS, principalmente na questão dessa patologia desses pacientes, nos referimos a uma condição que pode causar problemas na deglutição, e desnutrição com desmorfia. Esse procedimento vem para garantir a qualidade de vida desses pacientes com uma abordagem de uma equipe multidisciplinar e que vai trazer muitos benefícios", disse o diretor clínico do Hospital da Ilha, Dimitrius Garbis.
O paciente beneficiado foi uma criança de nove anos, com diagnóstico de anquilose da articulação temporomandibular, condição cuja principal característica é a perda parcial ou total da mobilidade de uma articulação. No caso da criança, o trauma foi na mandíbula em decorrência de um acidente. O caso evoluiu para infecção na dentição e, por conta disso, além de não conseguir abrir totalmente a boca, impactou também em uma subnutrição, dificuldade para higiene bucal, dor e desconforto.
O tio da criança, Eloel de Jesus Sodré, de 58 anos, enquanto aguardava a cirurgia, disse que estava confiante na recuperação do sobrinho. "Em nome da família Carvalho, eu já me sinto grato por ter essa instituição aqui, pela forma acolhedora com que nos tratam, desde a portaria, todos nos mantiveram sempre muito bem informados".
Para a realização do procedimento, foi necessária a participação de uma equipe multidisciplinar composta por três cirurgiões bucomaxilofacial e um cirurgião torácico, além de enfermeiros, anestesista e técnicos de enfermagem. A recuperação contará com apoio de fisioterapia e profissional fonoaudiólogo para auxiliar na retomada da deglutição e mastigação do paciente.
Segundo a cirurgiã bucomaxilofacial Raiane Maranhão, a cirurgia é de grande relevância para a Rede Estadual de Saúde. "A partir dessa cirurgia, é possível o paciente voltar a ter toda a função do sistema estomatognático. No caso desse paciente específico, foi uma infecção odontogênica, em um dente mais posterior, próximo à região da articulação, que infeccionou, evoluindo para essa anquilose de mandíbula".
O procedimento durou cerca de quatro horas e foi dividido em dois momentos: o primeiro destinado a colocação de uma sonda pela cavidade nasal, com posterior atenção para a região da boca e pescoço do paciente, e o segundo, na retirada de um fragmento de osso da costela da criança que foi recolocado na mandíbula para auxiliar na retomada dos movimentos da boca.
O cirurgião torácico Hyroan Brandell explicou a importância da oferta desse procedimento para a Rede Estadual de Saúde. "É muito importante que a gente tenha essa especialidade, principalmente no serviço público para a população pediátrica também. Por isso esse diálogo entre as diversas especialidades. Cada vez que aumentamos a complexidade cirúrgica, a integração entre as equipes também aumenta, impactando tanto durante a cirurgia, como depois do procedimento".